Um vírus chamado medo

 

Na caverna em que tens medo de entrar está o tesouro que procuras.

 

Quantas vezes o medo te faz fugir e desistir daquilo que queres?

 

O medo é uma emoção natural, poderosa e primitiva. É um mecanismo de defesa fundamental para a nossa sobrevivência pois permite alertar, avaliar uma situação e desencadear respostas bioquímicas e emocionais de luta ou fuga.

 

Até aqui tudo ótimo. Que bom que temos esta habilidade! Certo?

 

Claro que sim. Não é possível nem saudável eliminar o medo por completo. Fazê-lo era como deixar as portas e janelas da nossa casa totalmente abertas para o exterior.

 

Precisamos do medo funcional para proteção do perigo.

 

Contudo, com o evoluir das sociedades, parece que começámos a adquirir/aprender/condicionar medo de outras coisas. Surgindo os medos irracionais. Por exemplo de pessoas, decisões, da novidade, de fazer coisas. Podemos chamar-lhe de ansiedade, preocupação, receio, apreensão. Eu diria, na minha humilde opinião, que é tudo medo.

 

São os medos adquiridos, aprendidos, condicionados.

 

Aqueles que aprendemos desde crianças passando a desenvolver associações entre situações, pessoas, objetos, eventos e o perigo. É a partir daqui que começamos a construir as lentes com as quais vamos ver o mundo e os perigos deste.

 

O problema surge quando o medo se torna irracional. É aqui que esta emoção se pode tornar das mais destrutivas para cada um de nós. 

 

Ao nos deixarmos envolver demasiado pelo medo, percebemos que aceitamos o que não queremos e rejeitamos o que queremos. É isto ou aquilo que deixamos de fazer, aquele sítio que optamos por não visitar, aquela candidatura de emprego que optamos por não enviar, aquela mudança que optamos por não fazer, aquela conversa que optamos por não ter.

 

Aceitamos não entrar na caverna rejeitando o tão procurado e desejado tesouro. Mas, o que nos leva a rejeitar o que queremos?

 

Para responder a esta questão é preciso olhar para dentro de cada um de nós. Conhecer as lentes com que estamos a ver o mundo, entender-nos. Não é, de todo, uma tarefa fácil e pode ser assustador pois é uma batalha dentro de nós.

Nesta batalha é fundamental perceber que o problema pode não estar na pessoa, situação ou objeto visto como perigoso, mas sim na maneira como se percebe essa situação, pessoa, objeto. Ou seja, a preocupação ou o medo em relação ao que poderá acontecer como consequência.

 

O medo passa a agir como um verdadeiro limitador de oportunidades, inimigo das liberdades e do crescimento pessoal.

 

Eu diria, sem grande dúvida, que nos dias de hoje os medos mais presentes na sociedade são os que estão na nossa mente. São medos cheios de bravura e controlo. Mas, assim que começamos a enfrentá-los, optam por uma retirada estratégica.

Não permitas que seja o medo a decidir como vais viver a tua vida. Sai dessa prisão, desse sequestro emocional e liberta-te. Vive! Tu não és o teu medo. Declara-lhe guerra e não o alimentes mais com a fuga. Luta!